quinta-feira, 5 de maio de 2011

A História da Menina

Era uma vez, num lugar não muito distante, uma menina que acreditava no amor. Ela era sensível, quieta, um tanto sonhadora. Seus pais a chamavam de princesa, mas ela preferia ser uma fada. Ela se importava com as outras pessoas e sempre ajudava aqueles que a pediam. Essa menina tinha o coração puro, independente de religião, acreditava no ser humano e não achava que alguém pudesse mentir. Essa menina pensava que a maldade era só uma invenção dos adultos para as crianças se comportarem. Os dias passavam e a televisão mostrava a ela toda a crueldade que existia. Mas era uma realidade longe, tão longe... A menina chorava por toda a dor que via na televisão e nos jornais. A menina derramava lágrimas sem querer, às vezes de tristeza e às vezes de raiva por não poder fazer nada. Dias se tornaram semanas, semanas se tornaram meses e meses se tornaram anos. A menina, não tão menina agora, se apaixonou pela 1ª vez. Pelo menos, ela achava isso e todos os seus amigos achavam que ela estava apaixonada também. Ela ainda era sensível, apesar de não parecer, e também sonhadora. Ser quieta não fazia mais parte da menina. Ela tinha crescido... Era corajosa, alegre, amiga. E foi enganada, decepcionada. O que era um sonho, se transformou em um pesadelo e depois virou um nada. A menina já conhecia as maldades do mundo, mas a dor em seu coração foi forte demais. A dor de ser trocada, esquecida, abandonada. A menina chorou por ela dessa vez. E a mãe da menina nada pôde fazer. Algum tempo depois a menina, já machucada e calejada por experiência própria, fez com um garoto quase o que haviam feito com ela. E se arrependeu. Não sabia o que era pior, ser a vítima ou o causador. Então, sem mais nem menos, ela desistiu. O amor se tornou algo que apenas lia nos livros, algo inverossímil, inacreditável. O amor era algo que não mais valia a pena. Os amigos diziam que ela havia erguido um muro ao redor de seu coração e depois falaram que o coração da menina tinha virado pedra. Talvez ela se sentisse sozinha, talvez ela chorasse... Como saber? A menina cresceu mais e saiu da casa dos pais. Começou sua vida de adulta, mas por dentro ainda era a mesma menina. Ela descobriu que sair com os amigos enchia seu coração de alegria. A menina ia a festas, se divertia, reaprendeu a rir à toa... Se sentiu livre pela 1ª vez em muito tempo. A menina cuidava de si mesma, aprendeu a levar sua vida. Sabia onde ir e onde não ir. Sabia se livrar das pessoas que não lhe queriam bem. Mas seu coração, ainda hoje, está fechado. Não há feitiço, simpatia, que faça isso mudar. Por mais corajosa que a menina seja para quase tudo na vida, para a dor do amor ela ainda não está preparada. Passar novamente pela perda e pela decepção é algo que ela não aceita e não quer. Ela prefere ser livre, solta... A menina, ainda hoje, quer ser uma fada. Ou o mais próximo disso que ela conseguir chegar.

Nenhum comentário: